Reduzam o stress. Por vezes, não são os filhos que se comportam mal, são os pais que provocam as ‘crises’, sem darem por isso. É verdade que quase ninguém tem uma vida sossegada, mas há sempre onde descarregar o stress… Tenham a vossa própria vida, os vossos amigos, as vossas ocupações, porque pais dependentes das crianças são um peso tremendo nas costas de qualquer filho.
Não confundam disciplina com castigo. O objectivo não é forçar os filhos a obedecerem, a não ser que queiram treinar uns ‘soldadinhos’… O objectivo é ensinarem-lhes a fazer as melhores escolhas para eles próprios, para que eles mesmos sintam que isso faz sentido. Um castigo corre o risco de se transformar numa demonstração de poder, em vez de uma orientação. Aliás, a maioria das crianças piora com os castigos, em vez de melhorar. A única altura em que se pode usar um castigo é quando a criança deliberadamente desobedece a uma regra que sabe existir. Mas há castigos e castigos. Se a regra em casa é ‘não se bate’ e ele não resiste a um sopapo no irmão, uns minutos separado dos outros podem bastar.
Evitem a bofetada. Geralmente acalma mais os pais do que as crianças. Quem nunca ouviu ‘uma ou duas na altura certa não matam ninguém’ (…), mas geralmente tendem a multiplicar-se sem que a pessoa dê por isso… e nas crianças mais velhas são uma perda de tempo. Afinal, os pais também não vão dar bofetadas nos colegas de trabalho só porque não se entendem com eles em alguns assuntos…
Dêem-lhes atenção. Se eles continuam difíceis, talvez seja um exemplo da famosa frase: ‘É só para chamar a atenção’. É? Então porque não lha dá…?
Redireccionem. Muitas vezes é possível, em vez de reprimir a água, abrir outra vala para ela correr. Canalizem as energias das vossas crianças, porque muitas das birras são de aborrecimento ou de energia acumulada.
Exijam que cumpram algumas regras. Se deixarem que elas andem por aí a insultar meio mundo com a desculpa de que ‘é muito pequenino, depois passa-lhe’, arriscam-se a acabar com crianças com as quais ninguém, nem mesmo vocês, gostarão de viver. Algumas regras de convivência são básicas. ‘Não se bate’, por exemplo.
Pensem em ser firmes em vez de zangados. Muitas vezes as duas emoções confundem-se, mas é como nos abdominais: é só uma questão de treino (…). Em vez de pensar ‘meu malandreco, estás a fazer isso só para me chatear’, experimente pensar ‘tenho que te segurar porque senão ainda corres para a rua’.
Levem-nos para outro sítio. Eles gritam e esperneiam? Peguem neles com calma (senão ainda se magoam…) e levem-nos para um sítio sossegado. Não é preciso largá-los lá muito tempo, apenas o suficiente para eles se acalmarem. Mas, por favor, não deixem uma criança sozinha se ela tiver menos de 3 anos. E sejam selectivos: se vão largá-los no quarto por cada minúscula ofensa, o castigo deixa de ter qualquer valor.
Recompensem os bons comportamentos. Sobretudo antes de castigarem os maus comportamentos. Lembrem-se sempre: é preferível educar pela positiva. Elogiem antes de reprimir. Ensinem-lhes que o esforço é essencial, que ser bom custa mas também dá alegria. Por exemplo, ‘viste como a Catarina ficou contente quando lhe emprestaste o carrinho?’. Mostrem-lhes que têm confiança neles, em vez do discurso que vem primeiro à boca de muuuuuitos pais, mesmo os mais dedicados: ‘És mesmo insuportável!’ (…)
Falem com eles. Às vezes pensamos que sabemos tudo sobre eles, e eles têm uma razão totalmente diferente para arranjar uma briga ou chatice… Como toda a gente já reparou, não adianta nada tentar ter grandes conversas no meio de raios e trovões, mas quando eles acalmarem, descubram o que se passa.
Tentem não ser impulsivos. Não podem esperar que os mais novos se comportem como se tivessem 35 anos de idade (e mesmo assim…). A cabeça de uma pessoa não está totalmente formada nem mesmo aos 18 anos de idade (pois se pensavam que aos 3 eles já reagiriam como nós, o prazo é um bocadiiiiinho maior…), e até aí vão ter de se pôr no lugar deles, conscientemente, com empatia, escutando activamente… enfim, ‘adivinhar’ mais do que lhe dizem.
Expliquem. Uma regra não aparece do nada, só porque sim ou porque vem na Constituição. Por exemplo, expliquem que não podem largar-lhes a mão no centro comercial porque há muita gente e não querem perdê-los.
Observem. Se se sentem perdidos, fiquem uns dias apenas a ver o que se passa. Às vezes também ajuda falar com outras pessoas que também conheçam bem a criança, um Professor, uma tia, um primo. Depois ponham em prática o ‘plano’. Há quem tenha tentado um acordo do género: ‘se discutirem menos, terão privilégios como mais uma história na hora de deitar. Se discutirem terão 5 minutos separados um do outro’. Resta saber se conseguem pô-lo em prática.
Deixem-nos aprender com as consequências. Claro que ninguém vai deixar que as criança sejam atropeladas pensando: ‘depois quando estiveres no hospital é que vais aprender que não se atravessa a estrada a correr!’. Mas, sempre que possível, deixem que eles aprendam com as consequências naturais. Limpar um copo de sumo que entornou, por exemplo.
Sejam simpáticos e gentis. Com eles e com o mundo. Também é uma questão de treino, e ninguém consegue ensinar a simpatia e gentileza se estiver permanentemente ‘de trombas’. Às vezes, eles não respondem simplesmente porque, para se defenderem, ‘bloqueiam’ perante não-comunicações, ordens, críticas, sermões, opiniões, gritos…
Pratiquem. Ninguém nasce ensinado para ser mãe ou pai. O que interessa é ser melhor a cada dia que passa. Se erraram, peçam desculpa. Pedir desculpa ensina lições valiosas: ensinam-lhes a assumirem os próprios erros, ensinam-lhes que os pais não são perfeitos, que eles também não têm de ser perfeitos, mas que serão amados mesmo assim.
Fonte: “Como lidar com crianças difíceis”, de C. Drew Edwards